sábado, 1 de fevereiro de 2014

CONTEÚDO VESICAL- pode ser muito importante dependendo das circunstâncias da morte. Principalmente nos casos de morte durante o sono. Uma bexiga vazia , estima-se que a morte ocorreu nas primeiras 2 horas. Se estiver cheia , de 4 a 8 horas. Quando a bexiga encontra-se com volume exagerado , deve-se suspeitar de quadros de envenenamentos, uso de medicamentos soníferos e até de coma. A bexiga com aspecto exagerado pode indicar uma permanência prolongada em estado de inconsciência por alguma causa ,ou seja, pode sugerir alguma dessas hipóteses.
CONTEÚDO ESTOMACAL- é um método bastante empírico, apresenta aspectos subjetivos, de certa forma pode contribuir com o diagnóstico do tempo de morte, porém, não é exato. O fenômeno da digestão varia de acordo com cada indivíduo e também de acordo com o tipo e a quantidade dos alimentos. Normalmente a digestão de uma alimentação pesada se faz no estômago em torno de 5 a 7 h; uma refeição média de 3 a 4 horas; e uma leve de uma e meia a 2 horas. No caso de se encontrarem alimentos reconhecíveis em seus diversos tipos numa fase inicial de digestão , é possível afirmar que a pessoa faleceu de uma e meia a 2 horas após a última refeição. Entretanto, se os alimentos se encontram em fase final de digestão é possível falar num tempo de aproximadamente de 4 a 7 horas. Se o estômago estiver vazio o indivíduo faleceu depois de 7 h da última refeição. Quando se abre o estômago no exame necroscópico é possível deduzir pelo conteúdo encontrado o tempo médio da última refeição. O uso de bebidas alcoólicas, o uso de medicamentos ou a presença de afecções sistêmicas são variáveis que interferem bastante no esvaziamento gástrico.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

MANCHA VERDE ABDOMINAL- quase sempre se localiza na fossa ilíaca direita. Justifica-se esta região devido ao ceco ser o segmento intestinal de maior proporção, mais distendido e mais próximo a parede abdominal, nesta parte do intestino há maior concentração de gases e bactérias. Aparece a partir da 18ª hora após a morte. Essa mancha verde se estende a todo o corpo depois do 3º ao 5º dia e sua tonalidade se acentua cada vez mais , dando uma coloração verde-enegrecida ao corpo. Esse fenômeno cadavérico sofre grande variação de temperatura, em regiões de clima quente a putrefação instala-se rapidamente. Claro que é possível ocorrer alguma variação no aparecimento. Tem autores que vão dizer que aparece entre 20ª e 24ª hrs ou 24 a 36 hrs após a morte. Não é nem questão de divergência. Pode aparecer um pouco antes da 18ª ou depois, pode ser na 20ª ou 24ªhr após a morte, pode ser no intervalo da 24ª hr e a 36ª não tem como precisar mas sim estimar o tempo da morte. Em média a variação é essa.
LIVORES DE HIPÓSTASE são manchas decorrentes do depósito de sangue pela ação da gravidade nas partes mais baixas do corpo de acordo com a posição do cadáver. O surgimento desse fenômeno sofre a influência de fatores como o tipo de morte(hemorragias, enforcamento) e as condições sistêmicas no momento do óbito(anemia aguda, desnutrição). Em geral essas manchas surgem em média de 1 a 3 horas após a morte, fixando-se definitivamente em torno de 8 a 12 horas após o óbito. Nesse espaço de tempo , com a mudança de posição do cadáver essas manchas podem mudar de posição. Trata-se de um fenômeno cadavérico muito importante. Se o perito de local de crime ao se deparar com o corpo com livores(manchas) fixas na região anterior do corpo, ou seja, por exemplo: região abdominal e tórax e o cadáver estiver na posição em decúbito dorsal(deitado) posição anatômica, pode-se afirmar que o local de execução da vítima NÃO foi o mesmo no qual o cadáver foi encontrado.
A CRONOTANATOGNOSE baseia-se num conjunto de fenômenos que são: ESFRIAMENTO DO CADÁVER- é um dos mais importantes fenômenos na determinação do tempo de morte, desde que utilizado nas primeiras horas, respeitando as variações do meio e as do próprio cadáver como as vestes, exposição ao sol, meio de acondicionamento do corpo, idade, compleição física e tipo de óbito. Depois da morte, a tendência da temperatura do corpo é aproximar-se da temperatura do ambiente. Geralmente e de uma forma especial no nosso ambiente, a temperatura diminui 0,5º C nas primeiras 3 horas e depois da quarta hora ,há uma perda gradativa de 1ºC para cada hora até que a temperatura corporal se iguale à do ambiente. Isso equivale a aproximadamente 12 horas , com uma margem de erro de 2 horas. É necessária muita cautela para estimativa do tempo de morte com base apenas na temperatura, é praticamente imprescindível associar este aos demais fenômenos cadavéricos.
A ESTIMATIVA DO TEMPO DE MORTE é um dos assuntos mais complexos da Medicina legal. A CRONOTANATOGNOSE é a parte da Tanatologia que estuda a data aproximada da morte. Quanto mais distante do momento do óbito, maior a dificuldade em se estabelecer o tempo com precisão, uma vez que a grande maioria dos fenômenos é rica em dados apenas nas primeiras horas, além de sofrer grande variação do meio que estão inseridos. Não pode um perito consciente de suas responsabilidades estabelecer com precisão determinada hora como aquela em que ocorreu a morte. No máximo é possível fazer uma aproximação em uma faixa temporal ampliada de uma forma mais segura. Os filmes policiais tratam a Medicina Legal como uma fantasia. É comum ver o investigador nos filmes perguntando ao Legista a que horas ocorreu a morte. O que é possível responder não é a hora do óbito mas sim uma ESTIMATIVA de acordo com os fenômenos cadavéricos apresentados. Não é possível precisar a hora da morte. ESTIMAR SIM. O resto é fantasia.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

4ª fase-PERÍODO DE ESQUELETIZAÇÃO.
A ação do meio ambiente e dos elementos que surgem no trabalho da desintegração do corpo faz com que o cadáver se apresente com os ossos quase livres. A dissolução pútrida do cadáver evolui para uma fase em que os ossos ficam inicialmente presos apenas a alguns ligamentos articulares, expondo os ossos e deixando-os completamente livres de seus próprios ligamentos . Os cabelos e os dentes resistem muito tempo a destruição. Os ossos também resistem anos,porém terminam por perder progressivamente a sua estrutura habitual , tornando-se mais leves, frágeis e alguns, quebradiços. A cabeça se destaca do tronco , a mandíbula se desprende dos ossos da face ,as costelas se desarticulam do esterno e das vértebras e os ossos longos dos membros superiores e inferiores se soltam. Este período vai de 3 a 5 anos , entretanto, na Medicina Legal a cautela deve imperar. Trata-se de uma estimativa, pode ocorrer em menos tempo ou em até mais, tudo vai depender de vários fatores que podem progredir ou retardar o processo.
3ª fase-PERÍODO COLIQUATIVO.
Manifesta-se pela decomposição dos tecidos corporais que,com o tempo, perdem sua forma. Ocorre um destacamento da epiderme, evaporação dos gases, grande número de larvas e odor muito fétido. As partes moles do corpo são completamente destruídas através de um processo de desintegração progressiva dos tecidos. Esse período varia de acordo com as condições do corpo e do terreno ,normalmente, inicia-se cerca de 3 semanas após a morte e pode prolongar-se por vários meses . Nesta fase podem-se ainda evidenciar alguns sinais provenientes de uma ação violenta.
2ª fase-PERÍODO GASOSO OU ENFISEMATOSO.
Resulta do aumento progressivo e rápido da produção dos gases da putrefação. Os fenômenos observados nesse período são causados principalmente pela força dos gases nas grandes cavidades. A decomposição proteica é máxima durante esse período. O cadáver toma um aspecto gigantesco , principalmente na face, no abdome e nos órgãos genitais masculinos,dando-lhe a posição de LUTADOR. Vão surgindo bolhas na epiderme de conteúdo líquido hemoglobínico. Nota-se também a projeção dos olhos e da língua que se projeta para fora do limite das arcadas dentárias. Esses gases fazem pressão sobre o sangue que foge para a periferia e pelo destacamento da epiderme, esboça na derme, um desenho vascular conhecido como CIRCULAÇÃO PÓSTUMA DE BROUARDEL. A putrefação exerce uma desorganização nas estruturas anatômicas dos órgãos internos de modo intenso. O cérebro transforma-se em uma massa acinzentada , que escorre da cavidade craniana assim que ela é aberta. Os pulmões se tornam muito colapsados e o coração ,amolecido com coloração pardo-escura. Líquidos nas cavidades pleurais são frequentes. O fígado, também amolecido ,apresenta , ao corte, cavidades que lembram um queijo suíço. A pele das mãos sofrem um processo de destacamento total da epiderme, imitando uma luva . A epiderme descola-se pela grande produção de líquidos que migram para a superfície e formam bolhas de tamanho variado. Ao contrário das flictenas de origem inflamatória ,essas apresentam escasso teor proteico. Com o passar dos dias ,há destacamento total da epiderme. Esse período dura aproximadamente 2 semanas . O odor típico dessa fase gasosa da putrefação se deve ao aparecimento do gás sulfídrico.
PERÍODO CROMÁTICO OU DE COLORAÇÃO. Inicia-se com a formação da MANCHA VERDE ABDOMINAL ,localizada "normalmente" na fossa ilíaca direita. Posteriormente, a mancha vai progredindo por todo o corpo . A tonalidade esverdeada vai escurecendo até atingir a cor verde enegrecida. A localização da mancha verde na fossa ilíaca direita é explicada, devido ao fato de o ceco ser a parte mais dilatada e mais livre do intestino grosso e ainda por ser o segmento no qual se acumula maior quantidade de gases e porque é a parte que fica mais próxima à parede abdominal.
A marcha da putrefação varia conforme a ação de fatores como :a idade, causa da morte, constituição, temperatura e outros fatores intrínsecos e extrínsecos. A putrefação é mais rápida nas crianças do que nos adultos. Quanto mais obeso é o indivíduo, mais rápida é a putrefação. A causa da morte é super importante na evolução do processo. As vítimas de graves infecções e grandes mutilações putrefam-se mais rapidamente. A temperatura muito alta ou muito baixa também tem grande influência no evento, da mesma forma o ar.
Chama-se AUTÓLISE o processo de destruição celular na qual as próprias enzimas celulares provocam a autodestruição do corpo humano.Tata-se de uma fase ainda sem atuação bacteriana caracterizada por uma série de fenômenos fermentativos anaeróbicos que se verifica no interior da própria célula logo após a morte. É como se a célula estivesse programada para atuar desta forma. Essas modificações se dão pela interrupção da circulação, cessada esta, as células deixam de receber pela corrente plasmática, novos elementos, prejudicando as trocas nutritivas. O prejuízo das trocas nutritivas provoca uma acidificação do meio. Este processo passa por duas fases:FASE LATENTE em que as alterações ocorrem apenas no citoplasma da célula e FASE NECRÓTICA quando há o comprometimento do núcleo com o seu desaparecimento.
A putrefação aparece após a autólise , consiste na decomposição fermentativa da matéria orgânica pela ação de diversos germes. O intestino é o ponto de partida da putrefação, pois apresenta elevada quantidade de bactérias e de gases. Ao contrário da autólise, na putrefação ocorre a decomposição do corpo pela ação de diversos germes aeróbicos, anaeróbicos e facultativos que produzem certos fenômenos físicos e bioquímicos que vão decompondo o corpo em substâncias mais simples. Normalmente, esse fenômeno evolui em quatro fases(períodos) distintas(marcha da putrefação):PERÍODO CROMÁTICO OU DE COLORAÇÃO, PERÍODO GASOSO OU ENFISEMATOSO, PERÍODO COLIQUATIVO OU DE LIQUEFAÇÃO e PERÍODO DE ESQUELETIZAÇÃO.
Os fenômenos transformativos podem ser destrutivos ou conservadores. Ao contrário dos fenômenos abióticos, os transformativos são patognomônicos de morte. Apresentam transformações tão intensas que são incompatíveis com a vida. Temos três fenômenos transformativos destrutivos nessa ordem de classificação que são:autólise, putrefação e maceração.
Fenômenos abióticos consecutivos:1-desidratação cadavérica(em virtude da evaporação de líquidos corporais, a mesma perda de água em vida é verificada após a morte, porém sem reposição,1.2 decréscimo de peso, pergaminhamento da pele (predispõe a formação de uma pele endurecida pardo-amarelada,semelhante a couro dessecado),1.3 dessecamento das mucosas dos lábios,1.4 alterações dos globos oculares(são também comumente encontradas, incluindo a formação da mancha esclerótica, denominada sinal de Sommer e Larcher, essas manchas apresentam formato ovalar ,circular ou triangular, colorações enegrecidas e normalmente estão localizadas nas extremidades interna ou externas dos olhos).2-esfriamento do cadáver(consiste na tendência do corpo estabilizar sua temperatura com o meio em que se encontra,não é uniforme ,depende de vários fatores). 3-Manchas de hipóstases ou livores cadavéricos(o fim da circulação proporciona uma pressão intravascular nula e a posição de declive em que se encontra o cadáver leva à formação de manchas de hipóstases,cerca de 2 a 3 horas após a morte, cessada a circulação ,o sangue pela ação de gravidade ,tende a depositar-se nas partes mais baixas do corpo de acordo com a posição do cadáver apresentam coloração vermelho púrpura). 4-Rigidez cadavérica(é um fenômeno físico-químico num estado de contratura muscular , devido a ação dos produtos catabólicos do metabolismo, corresponde a uma situação de vida residual do tecido muscular, varia de acordo com a idade , a constituição individual e a causa da morte. 5-Espasmo cadavérico(trata-se de uma rigidez rara e abrupta, generalizada e violenta , que guarda a última posição em que o corpo encontrava-se antes da morte, difere da rigidez cadavérica , na qual a instalação é progressiva).
Os fenômenos cadavéricos são divididos em duas fases:Fase 1(fase abiótica ou avital)-fenômenos abióticos ou avitais IMEDIATOS(cessação das funções vitais) e fenômenos abióticos ou avitais CONSECUTIVOS. Fase 2- TRANSFORMATIVA que pode ser DESTRUTIVA(2.1) ou CONSERVADORA(2.2). Portanto,temos, na primeira fase fenômenos abióticos imediatos(1.1) e abióticos ou avitais consecutivos(1.2). A segunda fase é a transformativa que pode ser de duas ordens:(2.1)destrutiva(autólise
,putrefação e maceração) ou (2.2)conservadora(mumificação,saponificação,calcificação,corificação e congelação).
Assim como não se pode definir a vida torna-se impossível conceituar a morte. As coisas mais simples e óbvias são as mais difíceis de definir. É o que acontece com a morte. A doutrina ao longo dos anos procurou conceituar a morte através de definições negativas pela via da exclusão ,ou seja, ocorre a morte quando não encontramos determinados sinais vitais. Atualmente não é correto afirmar que o corpo só pode estar em dois estados, vida ou morte. Isto porque a morte se produz por etapas sucessivas ,em determinado espaço de tempo ,não é um momento, mas sim um verdadeiro processo. Por isso é extremamente difícil precisar o exato momento da morte, tendo em vista que ela não é um fato instantâneo.
Pelo fato da morte ser uma realidade complexa, representada pela cessação dos fenômenos vitais(parada das funções cerebral respiratória e circulatória) estas funções não cessam todas de uma vez. Não existe um sinal de certeza ATÉ surgirem os FENÔMENOS TRANSFORMATIVOS NO CADÁVER(fenômenos cadavéricos). Decorrido algum tempo, o corpo apresenta sinais característicos da morte, período em que se observam os fenômenos transformativos no cadáver. Para se constatar a certeza da morte é necessária a observação criteriosa dos fenômenos cadavéricos.
Parecer sobre o caso Matsunaga

Todos acompanharam esse caso pela imprensa que aconteceu em São Paulo. O empresário do grupo Yoki foi vítima de homicídio e posteriormente foi esquartejado. Vou mostrar aqui um pouco do que estará no meu livro, como é fácil derrubar a prova pericial e também como deve ser a postura da defesa(na minha opinião)para tentar adequar o laudo a reprodução simulada dos fatos. Entendo que há um problema que com toda certeza será explorado pelo Ministério Público em Plenário. Por isso volto a destacar a importância da Medicina Legal para condenação ou para a absolvição. O que o Médico Legista disse está no youtube,com o devido respeito ,ao ilustre perito legista principalmente pelos anos dedicados a Medicina Legal, fez uma afirmação que não encontra fundamento nenhum na doutrina médico-legal, pelo contrário. O ilustre perito teria afirmado que o mesmo foi esquartejado ainda vivo ,pois, havia aspiração de sangue no pulmão. Segundo as fotos que vazaram na internet, a vítima foi alvejada aparentemente na região frontal esquerda com o trajeto do projétil de arma de fogo de cima para baixo provavelmente atingiu as vias aéreas, no ferimento havia também uma nítida orla de tatuagem significando que o disparo foi efetuado a curta distância. É perfeitamente possível que a aspiração do sangue seja em decorrência do próprio disparo da arma, pelo trajeto que percorreu, é o que diz o professor Higino Hércules "Um bom sinal de reação vital é a aspiração de sangue para o parênquima pulmonar nos ferimentos que interessam as vias aéreas"pelo trajeto claramente estas foram atingidas, portanto a aspiração do sangue foi provavelmente pelo trajeto do disparo, não existe qualquer fundamento para associar ao esquartejamento. Por acaso foi realizado exame histológico de reação vital de análise microscópica do tecido para ver a profundidade dessa aspiração? Outra coisa, exame de reação vital nas partes moles em putrefação para verificar reações inflamatórias, elementos fagocitários, marginação leucocitária, elementos histológicos da reação são extremamente difíceis na fase de putrefação é comum ocorrer interpretações equivocadas. Reação vital nas partes moles em cadáveres em putrefação é extremamente difícil de detectar. Portanto, afirmar que a vítima teria sido esquartejada ainda viva pelo fato da aspiração de sangue com o devido respeito não tem fundamento algum, se tiver por favor me mostre, tenho certeza que não vai encontrar na Medicina Legal tal resposta. Gente determinadas afirmações na Medicina legal são muito perigosas. Ainda poderia entrar no mérito do período de incerteza de Tourdes o que não farei agora depois explico o que é. Outro ponto importante é o que se refere a direção do disparo. Pessoal por favor toda vítima alvejada com projétil de arma de fogo ao ser examinada, o Legista informa no laudo a direção dos disparos se foi da esquerda para direita, da direita para esquerda, de cima para baixo  de baixo para cima. Genteeeeeeeeeeeeeee!!!!!!! O legista faz essa afirmação de acordo com o trajeto a começar pela orla de escoriação,todavia, esse trajeto é examinado com o corpo em posição anatômica com o corpo em cima da mesa de necrópsia com o cadáver colocado em decúbito dorsal(deitado)então é dessa forma que o legista descreve o trajeto. No momento dos fatos não tem como saber a posição dos atiradores. Vejam só uma coisa:se a vítima estiver amarrando os seus sapatos com as costas voltadas para frente, imaginem vocês amarrando o tênis e o autor neste momento atira de frente para você mas atira nas suas costas, no laudo vai sair que a vítima tomou um tiro nas costas e se ele estivesse muito perto provavelmente no laudo sairia que o disparo foi de cima para baixo,ou seja, o legista nunca vai saber a sua posição, veja só, você estava de frente, se for assim dá para pensar que o autor esperou a vítima passar, estava num lugar mais alto e atirou pelas costas fato que não corresponde a dinâmica do evento.Querem outro exemplo? Se a vítima tomar um tiro frontal no peito, no laudo vai constar que o tiro foi frontal ,entretanto, o agente pode ter efetuado o disparo com o indivíduo vindo na sua direção para matá-lo como também, poderia estar com o pé no pescoço da vítima pronto para executá-la,nos dois laudos o disparo seria frontal. Entenderam? Há!!!!!! Mas então essa direção não serve para nada? Serve sim!!!!! E muito!!!!!! Na minha opinião um erro da defesa. Por quê? A defesa deve ter confiado muito no que informou o assistente técnico e iria explorar exatamente a questão da imprecisão dessa questão da direção dos disparos,todavia, ao permitir a participação da acusada na reprodução simulada dos fatos, a direção dos disparos serve e muito!!!!! Mas por que?Porque não deixa de ser um processo hipotético de eliminação. O ideal seria que a acusada não participasse da reprodução, tudo bem que a defesa quer demonstrar transparência, sinceridade para o Conselho de Sentença, isso é ótimo!!!!! Mas antes de participar era imprescindível orientá-la no sentido de adequar a versão dela ao laudo. Como? Se no laudo o tiro tem o trajeto de cima para baixo na região frontal esquerda a princípio, não tem como afirmar que o tiro foi frontal. Impossível!!! Outro ponto é a distância do atirador, pelo que vi das fotos que vazaram na internet, do corpo, havia no orifício de entrada de arma de fogo ,zona de tatuagem sinal que identifica que o disparo foi a curta distância ou a queima roupa que é a mesma coisa,na reprodução, salvo o engano, ela informou que estava a mais de um metro e meio e que deu o tiro frontal,impossível. Tem jeito de consertar? Tem!!!! Como ela deveria ter informado? Para adequar a distância e a direção, ela por exemplo poderia ter informado que a vítima não parava de ofendê-la,como ela não aguentava mais, foi até o quarto, pegou a arma, a vítima veio atrás, ficou bem próximo a ela, apesar da divergência na doutrina a distância de 30 a 40 centímetros no máximo, pode ser um pouco mais se no caso fosse uma arma com cano de no mínimo seis polegadas e que a vítima teria se abaixado e virado o corpo para esquerda e duvidando que ela iria atirar continuou a provocá-la momento que a mesma não suportou e puxou o gatilho na cabeça região frontal esquerda. Pronto!! Ou então que ele teria se aproximado e disse: Atira que eu quero ver!!!! Duvido que você atira!!!!!! Olha vou até abaixar para você atirar!!!!! São hipóteses, existem várias, mas depois dessa o Ministério Público não vai poder mais falar do laudo, pois, a princípio, os fatos estão de acordo com aquele. Na reprodução me parece que ela teria dito que o disparo foi a mais de um metro e meio e que teria sido frontal. Impossível!!! Como corrigir? Posteriormente no interrogatório em Plenário, ela deveria dizer que ela participou da reprodução mas que não lembra de detalhes da distância e direção porque no momento o estado de tensão era muito forte e ela não conseguiu lembrar de detalhes, disse tudo que lembrava no momento. Outra coisa é que em momentos traumáticos pode haver dificuldades para o agente lembrar de detalhes do fato. Estão vendo a importância a Medicina Legal? A tese da defesa na minha opinião está perfeita!!!! Homicídio privilegiado, pode pedir o decote das qualificadoras ,tem a ocultação de cadáver também, pode o homicídio ser privilegiado pela violenta emoção logo em seguida a injusta provocação da vítima com alguma qualificadora de natureza objetiva é perfeitamente possível o homicídio ser privilegiado e qualificado ao mesmo tempo desde que este seja qualificado por circunstâncias de natureza objetiva. O grande prêmio num resultado desse tipo é que não incide a lei dos crimes hediondos nesses casos. Sobre o esquartejamento, para facilitar a infração penal, teria de ocorrer logo após o crime até 2 horas após a morte, pois começa a surgir na mandíbula e na nuca de 1 a 2 hrs após a morte, a rigidez cadavérica, esta começa a retroceder com aproximadamente 36 horas após a morte(podem ocorrer variações para mais ou para menos). O fato da acusada ser enfermeira não significa que a mesma tenha conhecimento cirúrgico,ou ela começou procedimento logo depois ou então aguardou para fazer depois das 36 horas aproximadas, disseram que ela fez com dez horas,não é compatível ,pois, o procedimento fica muito mais difícil. Vejam só uma coisa!!!! O Ministério Público vai tentar dizer que tudo foi premeditado, preparado, para dessa forma, o Conselho de Sentença reconhecer somente o homicídio qualificado,sem o privilégio do §1º do art.121 do CP.
Amigos,

Acompanhei pela imprensa recentemente mais um capítulo do caso Elisa Samúdio. Dessa vez disseram que uma ossada foi encontrada na cidade de Nova Serrana e que "provavelmente" se trata dos restos mortais da vítima, desaparecida a aproximadamente três anos. A parte da Medicina Legal que trata desse tipo de identificação é a Antropologia Forense. Já postei algumas coisas sobre a identificação pelo sexo no corpo esqueletizado. É impossível antes do envio da ossada para a Antropologia Forense no IML tirar qualquer conclusão. Isso não existe!!!!!!Há uma série de procedimentos.........Só para esclarecer, essa ossada é montada, colocada em cima de uma mesa, é como se fosse um "passo a passo",ou seja, etapas,para realizar a identificação. A Odontologia Legal participa do procedimento. Há realização de exame de DNA, inclusive pode ter a utilização de exames de imagem antigos da vítima para colaborar no procedimento de identificação. São vários elementos expostos no laudo para chegar a tal conclusão. Não existe isso!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!"Tudo indica" "pode ser que seja" "provavelmente" nesse tipo de evento(encontro de ossada)essas afirmações não encontram qualquer fundamento na Medicina Legal. Muito simples!!!!!!!!!!!!!A ossada não foi periciada. Não me interessa quem disse, quem afirmou. O meu objetivo aqui é somente divulgar a Medicina Legal. Em qualquer caso, quem realiza a identificação é o IML. A Medicina Legal é uma ciência, possui princípios próprios. Independentemente da conclusão do laudo, essa antecipação, esse tipo de afirmação, não é compatível, com a fantástica ciência da Medicina Legal.
Amigos,
A Medicina Legal é uma ciência fantástica!!!!!!!!Fascinante!!!!!!!!!!!!Cercada mitos.......Vários!!!!!!!!!!!! Pessoal!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!Não existe o que "todo mundo fala" de "hora da morte". Isso é coisa de filme. Se alguém por acaso informar a hora da morte, de duas uma: ou é testemunha direta(presenciou o crime) e detalhe, olhou o relógio no momento do evento ou então é o próprio autor do fato. O laudo do IML não informa a hora da morte porque na Medicina Legal não existe como estabelecer o referido momento. O que nós temos na doutrina é a ESTIMATIVA DO TEMPO DE MORTE CRONOTANATOGNOSE que se ocupa da determinação do tempo em que ela ocorreu, baseia-se nos fenômenos cadavéricos(transformações que passa o corpo na sua transição da vida para morte).Portanto,é possível ESTIMAR o tempo de morte,JAMAISSSSSSSSSSSSSS afirmar com precisão a hora da morte. Não existe!!!!! A cronotanatognose é um ramo,uma parte da Tanatologia Forense.

Super abraço
Cronotanatognose é o espaço de tempo verificado em diversas fases do cadáver e o momento em que se verificou o óbito, é a parte da Tanatologia que estuda a data aproximada da morte. É um dos assuntos mais complexos da Medicina Legal, um problema antigo e mesmo assim ainda não pode o perito consciente de suas responsabilidades estabelecer com precisão a hora que ocorreu a morte. A determinação da hora do óbito é necessária para orientar a investigação de alguma forma, muito embora, no Brasil, ainda não temos uma cultura pericial nesse sentido, não aproveitamos a riqueza dos elementos que a Tanatologia Forense nos oferece. Vale ressaltar, a importância da hora da morte também, no direito civil, para determinar quem morreu primeiro para efeitos sucessórios, acontece que normalmente, aplica-se o art.8º do Código Civil que prevê o instituto da comoriência,ou seja, presume-se que a morte foi simultânea, exemplo típico, é o de acidente de veículos com familiares. É muito comum nos filmes policiais ver o investigador perguntar ao legista que horas a morte ocorreu, tudo bem que a pergunta é aceitável, pois, não tem o investigador conhecimentos de Medicina Legal, o pior é quando o legista responde, precisamente, a hora da morte, trata-se de uma verdadeira piada. É mais uma ilusão que as pessoas tem em relação a essa matéria, são mitos, dogmas que a Medicina Legal por ser uma ciência fascinante carrega. Portanto, estimar o tempo de morte, aproximar, dentro de uma análise dos fenômenos cadavéricos é perfeitamente possível, agora, dizer com precisão é mentira, a Medicina Legal não oferece elementos para esse tipo de afirmação.
A Tanatologia Forense é a parte da Medicina Legal que estuda a morte e as consequências jurídicas a ela inerentes. Um dos objetivos principais é estabelecer o diagnóstico da causa jurídica da morte na busca de determinar as hipóteses de homicídio, suicídio ou acidente, todas as modificações que ocorrem após a morte ,sua devida caracterização e sua interpretação dos fatos que se apresentam às vezes como verdadeiros desafios. Genival Veloso de França estabelece um roteiro interessante para orientar essa etapa de grande importância ,em que as lesões externas e internas deverão ser descritas e analisadas cuidadosamente."O mecanismo de morte já pode orientar para uma determinada causa jurídica, como por exemplo a esganadura para o homicídio e o enforcamento para o suicídio. As lesões externas se mostram de interesse incontestável, através das chamadas lesões de defesa, geralmente encontradas nas mãos, bordas mediais dos antebraços, pés ,ombros, sendo as de maior consideração as lesões da palma da mão e da face palmar dos dedos. As lesões por luta são mais dispersas, sendo mais comuns na face, pescoço tórax e abdome. Isso não significa que,em casos de suicídio, não possa a vítima apresentar algumas dessas lesões quando, por exemplo, ela tenha empunhado determinadas armas de gume e venha a ferir-se. Assumem também magnitude as lesões encontradas na vítima provocadas pelo agressor, no propósito de subjugá-la ou privá-la do grito de socorro.  São os ferimentos com que se deparam em torno do nariz e da boca ou escoriações e equimoses localizadas no pescoço e nos braços. Há no entanto, situações, como na surpresa, em que esses elementos não são descobertos. A sede dos ferimentos no cadáver é alvo de vastas interpretações. O agente agressor, ao ferir a vítima, procura golpeá-la nas partes mortais, na intenção de obter um resultado mais imediato.Por isso ,a escolha da sede em determinados segmentos ou regiões,como o precórdio, a cabeça e o pescoço, são os lugares de eleição ,embora nem sempre isso aconteça. Os suicidas, por seu turno , na expectativa de minorar seus sofrimentos ,optam, na maioria das vezes, por zonas fatais. Esse fato não é regra geral,uma vez que a observação tem demonstrado situações verdadeiramente absurdas . Já no acidente, como é óbvio, as lesões são mais diversificadas. Nos membros superiores, o punho e as pregas do cotovelo exercem preferências sobre os suicidas, como igualmente a cabeça, nos tiros encostados ao ouvido. A direção da ferida não pode deixar de merecer uma atenção devida, partindo-se do raciocínio relativo à posição da vítima e dos movimentos das mãos do agressor. O destro que empunha uma arma de corte contra o próprio pescoço produz um ferimento que começa pouco abaixo e para trás do ângulo esquerdo da mandíbula na localidade superior do trígono carótico , descendo obliquamente para a linha mediana terminando na fossa supraclavicular maior ou menor direitas , onde a ferida se mostra mais superficial em virtude da diminuída resistência do próprio agente. No homicídio, em se tratando de esgorjamento ,principalmente quando a vítima é atacada pelas costas ,o ferimento do pescoço é horizontal e termina profundo e para cima , mesmo começando pelo lado esquerdo. A direção do projétil de arma de fogo em suicídios,via de regra,penetra no meato acústico externo direito (quando destro)dirigindo-se ligeiramente para trás e para cima . Já nos homicídios, esse trajeto processa-se em qualquer rumo." Vale ressaltar,que a Medicina Legal é a ciência das exceções, toda cautela é necessária, outros sinais também vão contribuir bastante na conclusão do laudo.
A Medicina Legal é uma ciência de excepcional importância para a sociedade,apesar das inúmeras definições,cada autor procura trazer sua contribuição.Doutrinariamente encontramos três correntes que procuram delimitar o campo de abrangência.O melhor conceito, na minha opinião, é o do mestre Genival Veloso de França"é uma ciência de largas proporções e de extraordinária importância no conjunto dos interesses da coletividade, porque ela existe e se exercita cada vez mais em razão das necessidades da ordem pública e do equilíbrio social. Não chega a ser propriamente uma especialidade médica ,pois aplica o conhecimento dos diversos ramos da Medicina às solicitações do Direito. Mas pode-se dizer que é Ciência e Arte ao mesmo tempo.É Ciência porque sistematiza suas técnicas e seus métodos para um objetivo determinado,exclusivamente seu, sem com isso formar uma consciência restrita nem uma tendência especializada ,por isso exigindo uma cultura maior e conhecimentos mais abrangentes do que em qualquer outro campo da Medicina. E é Arte também porque,mesmo aplicando técnicas e métodos muito exatos e sofisticados em busca de uma verdade reclamada,utiliza valores que em outras áreas do conhecimento médico não teriam a mesma interpretação investigatória da sequência lógica do resultado dramático da lesão violenta.Tudo isso sujeitado à ciência uma arte forçosamente científica. Aqui não se pode dizer que seja uma arte voltada para a produção de efeitos estéticos, nem para a manifestação fantástica e ilusória a que o virtuosismo espiritual aspira e promove, mas uma arte estritamente objetiva e racional, capaz de colocar o analista diante de uma concepção precisa e coerente.Hoje, mais do que nunca,a Medicina Legal se apresenta como uma contribuição da mais alta valia e de proveito irrecusável .É uma disciplina de amplas possibilidades e de profunda dimensão pelo fato de não resumir apenas ao estudo da ciência hipocrática, mas de se constituir da soma de todas as especialidades médicas acrescidas de fragmentos de outras ciências acessórias ,destacando-se entre elas a ciência do Direito."